Questões:
1) Quando é que a Psicologia se constitui como ciência?
2) Como? Quais foram as principais correntes e quais os seus objectos e métodos?
3) Actualmente, qual é o principal objecto em Psicologia?
4) E os principais métodos e técnicas?
5) Quais as principais diferenças entre os conhecimentos da Ciência e do Senso comum?
6) Psicologia Aplicada: qual o objecto e principais métodos na Psicologia do Desenvolvimento?
Respostas:
1) Integrada durante séculos na Filosofia, a Psicologia só se torna uma Ciência independente nos finais do século XIX, quando Wundt funda o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental em 1897. É a partir deste acontecimento que se vão desenvolver, de forma sistemática, as investigações em Psicologia.
2) A psicologia constitui-se uma ciência obtendo respostas diferenciadas, levando vários autores a definirem métodos e objectos específicos, conforme os problemas estudados.
As principais correntes da psicologia foram: o Associacionismo/Estruturalismo, de Wildhelm Wundt; a Reflexologia, de Ivan Pavlov; o Behaviorismo/Comportamentalismo, de John Watson; o Gestaltismo/Teoria da forma, de Wolfgang Kohler; a Psicanálise, de Sigmund Freud; e o Construtivismo, de Jean Piaget.O Associacionismo/Estruturalismo tem como objecto a consciência e como métodos a introspecção Controlada.
A Reflexologia tem como objecto de estudo os reflexos e como método estudar a actividade nervosa superior, o Behaviorismo/Comportamentalismo tem como objecto o comportamento do Homem e do Animal e utiliza o método experimental, o Gestaltismo/Teoria da forma tem como objecto estudar os fenómenos da percepção e pensamento como totalidade, e utiliza o método experimental e a introspecção informal, a Psicanálise tem como objecto o inconsciente, a estrutura psíquica, e o funcionamento Psíquico, e utiliza o método psicanalítico e o Construtivismo tem como objecto as estruturas da Inteligência e como método o clínico e a observação naturalista.
3) O objecto de estudo da psicologia é o homem, mais propriamente o comportamento humano, na vertente do consciente/ inconsciente e personalidade do indivíduo. Colocando assim como objecto de estudo o ser humano na sua permanente evolução.
4) A psicologia aborda vários métodos e técnicas do comportamento humano. Dos vários métodos existentes faremos referência aos mais importantes. Existe o método introspectivo (análise interior feita pelo próprio sujeito), a observação (podendo ela ser laboratorial ou naturalista), o método experimental (que tem por objectivo permitir conhecimentos sobre comportamentos comuns a um grupo de pessoas), conhecemos ainda o método clínico (constitui-se como uma serie de procedimentos de diagnostico e tratamento de pessoas com problemas de comportamentos e/ ou emocionais) e por fim o método psicanalítico (que tem como objectivo conhecer o inconsciente do paciente).
Além dos métodos são ainda conhecidas técnicas como: testes, inquéritos e entrevistas (podendo ter maior ou menor controlo ao nível das questões e respostas).
5) O conhecimento do senso comum baseia-se na experiência quotidiana das pessoas, na chamada experiência de vida (que se distingue da experiência científica por ser feita sem um planeamento rigoroso, sem método). Nalguns casos trata-se de experiências pessoais, noutros casos são experiências partilhadas pelos membros da comunidade – no decurso do processo de socialização. Em suma, é um conhecimento que se adquire sem estudos, sem investigações.
Ciência é um saber sistemático na medida em constitui um conjunto organizado de conhecimentos, havendo da parte dos cientistas um esforço para que as diversas teorias se articulem entre si e sejam coerentes.
- O senso comum é um saber impreciso, na medida em que normalmente não se exprime de modo rigoroso e quantificável, já a ciência é um saber mais preciso é ainda um saber superficial, na forma em que se conhece os próprios fenómenos mas muitas vezes desconhece-se as suas causas verdadeiras causas. Sendo a ciência um saber mais aprofundado, procurando descobrir a causa dos fenómenos.
- O senso comum é um saber subjectivo ou pessoal, pois a sua aquisição depende das condições de vida, que não são iguais para todos os homens. É influenciado pela época histórica, pela cultura, pelos grupos sociais a que se pertence, pelo meio ambiente em que vive, pela idade, pela profissão, personalidade, etc. A ciência, pelo contrário, procura alcançar um saber objectivo. Ou seja: tenta mostrar as coisas (o objecto) como eles são, independentemente dos gostos e interesses do sujeito. Um conhecimento para ser científico tem de ser independente das particularidades do cientista.
6) Sendo o objecto de estudo da Psicologia o comportamento humano, a Psicologia do Desenvolvimento ocupa-se por estudar o comportamento do Homem durante todo o seu desenvolvimento e crescimento como pessoa. Assim sendo, a Psicologia do Desenvolvimento tem em conta, no seu estudo, o crescimento físico do indivíduo, a sua maturação ( a nível neurológico e glandular), a aprendizagem retida dos acontecimentos e experiências vividas pelo sujeito, o seu desenvolvimento referente a mudanças a nível psicológico, mudanças no modo de pensar, mudanças na sua personalidade, mudanças nos seus comportamentos, etc., e, ainda, tem em conta as mudanças ao longo da história e da evolução da espécie, como as mudanças ocorridas ao longo da história pessoal de determinado indivíduo.
São diversos os métodos utilizados pela Psicologia do Desenvolvimento, dos quais se salientam os seguintes:
Estudos de diagnóstico e de intervenção – os primeiros visam a informação e os outros a mudança;
Estudos nomotéticos e ideográficos – os primeiros visam a lei geral e os outros visam o caso particular;
Estudos longitudinais e transversais – os longitudinais têm em vista mostrar os efeitos do tempo que se manifestam ao longo da idade e os transversais consistem em observar diferentes grupos de indivíduos de diversas idades;
Estudos clínicos – procura o estudo aprofundado do indivíduo, nas suas particularidades pessoais.
Experimentais e correlacionais – os experimentais caracterizam-se pelo rigor da definição das hipóteses prévias, pela selecção aleatória dos participantes do estudo e pelo controlo das variáveis, e os correlacionais partem da observação de fenómenos e procuram descobrir as correlações existentes entre eles de modo a possibilitar a previsão da variabilidade de um a partir da variabilidade do outro;
Estudos de casos – são feitos através da investigação aprofundada do que se passa com um ou mais indivíduos concretos;
Narrações literárias – podem ajudar a compreender os fenómenos da adolescência na medida em que o autor literário souber fazer reflectir as suas próprias vivencias ou as vivencias típicas de outros na fase da adolescência;
Estudos de observação participante – caracterizam-se pela participação do investigador nas actividades que pretende examinar.
Estudos de campo – são também estudos observacionais que se caracterizam pela observação dos fenómenos no seu ambiente natural sem interferência ou com interferência mínima do observador;
Estudos antropológicos e transculturais – correspondem a estudos de campo realizados em culturas diferentes;
Estudos de investigação-acção – são estudos de intervenção nos quais se parte do conhecimento quer duma linha de base ou ponto de partida quer duma hipótese sobre os resultados duma intervenção e depois se vai afinando a intervenção em conformidade com os resultados observados no desenvolvimento da intervenção;
Estudos descritivos causais – partem de hipóteses causais pré-definidas e portanto sugerem ligações causais;
Quase-experimentais – aproximam-se dos estudos experimentais, mas distinguem-se deles pelo facto de não respeitarem todas as condições quer de selecção de participantes quer do controlo de variáveis.