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Trabalho nº2

 

 Contribuições da Etologia para a compreensão

do comportamento humano

  

    A Etologia é uma área de conhecimento relativamente nova, fundada por Konrad Lorenz e Nikolaas Tinbergen por volta de 1930. Em 1973, junto com Karl von Frish, receberam o prémio Nobel de Medicina por suas descobertas e pressupostos para explicar o comportamento animal.

    Por outro lado, podemos encontrar outros pesquisadores, ainda no século passado, que estudaram o comportamento através da perspectiva biológica, como o próprio Darwin. Antes de mencionar a importância da Etologia para explicar o comportamento humano, torna-se importante enfatizar os pressupostos teóricos e metodológicos que caracterizam a Etologia.

    Um primeiro princípio é a concepção de que, a exemplo dos órgãos e outras estruturas corporais, o comportamento é produto e instrumento do processo de evolução através de selecção natural. Isso implica em dizer que o comportamento tem função adaptativa (afecta o sucesso reprodutivo) e possui algum grau de determinação genética. Isto quer dizer que o comportamento é produto da evolução filogenética.

 

    A partir desse pressuposto, os etólogos se deparam com as quatro perguntas fundamentais em relação ao comportamento:

 

1. Qual é a função (do ponto de vista adaptativo);

2. Qual é a causa (factores causais próximos);

3. Como o comportamento se desenvolve ao longo da vida do indivíduo ontogênese);

4. Como se desenvolveu no decorrer a história evolucionária (filogênese).

 

    Essas perguntas irão orientar o trabalho do etólogo.

    Além da contribuição teórica, a Etologia também propiciou grandes avanços no estudo do comportamento através de contribuições metodológicas. A ênfase na observação e na descrição detalhada do comportamento, em situação o mais natural possível, foi fundamental para a compreensão do comportamento de forma mais holística.

 

 

Repercussões da Etologia na Psicologia

 

    Em Psicologia existem diversas formas e maneiras de explicar o comportamento humano.

    Contudo, o psicólogo geralmente trabalha com factores causais próximos e históricos quando procura explicar as razões que levam uma pessoa ou um animal se comportar do modo como o faz.

    A Teoria da Evolução, utilizada pela Etologia como pressuposto teórico, pode ampliar a compreensão das causas do comportamento. A importância das explicações últimas (evolução filogenética) pode ser útil no estudo do comportamento no sentido de: 1.escolher variáveis independentes para o desenvolvimento de modelos e teorias envolvendo a análise comparativa entre espécies; 2.compreender os factores do ambiente que podem modular o comportamento; 3. determinar quais variáveis serão consideradas como causa e quais serão consideradas como efeitos; 4.descobrir explicações com grande poder de generalização (Crawford, 1989).

    Aptidão abrangente é um dos conceitos mais poderosos que a teoria evolucionária tem para explicar a compreensão do comportamento de ajuda (altruístico) e de conflito, a partir de uma perspectiva biológica. Na definição de aptidão abrangente podemos incluir a aptidão directa de um indivíduo (seu sucesso reprodutivo pessoal) e aptidão indirecta (influência sobre o sucesso reprodutivo dos parentes genéticos) (Hill, 1995). Nesse sentido, o grau de parentesco genético está associado com a diminuição do conflito e da violência entre pessoas. Modelos evolucionários predizem e explicam padrões de risco diferenciados de violência familiar (Daly e Wilson, 1988).

    O estudo da sexualidade humana a partir da perspectiva evolucionária tem se intensificado a partir de 1980. Evidências empíricas consistentes tem indicado que o comportamento e a motivação sexual é diferente entre homens e mulheres. Estas valorizam mais o status socioeconómico do potencial parceiro, enquanto a beleza física e a juventude são atractivos mais valorizados pelos homens em relação a escolha do potencial companheiro. Esses dados foram encontrados em várias culturas (Buss, 1989). Por outro lado, o grau de envolvimento em uma relação nem sempre é o mesmo e isso pode afectar a intensidade ou a qualidade dos atributos que são mais valorizados na pessoa do sexo oposto. Diferenças são marcantes. No entanto, existem semelhanças. A compreensão e a inteligência foram avaliados de modo positivo por ambos os sexos (Buss, 1989). Além desses, outros também podem ser explicados com base na Teoria da Evolução, como veremos a seguir.

 

 

Identidade sexual

 

    A identidade sexual indica a percepção individual sobre o género (e.g. masculino e feminino) que uma pessoa percebe para si mesma. Assim como o termo sexo pode assumir várias interpretações costuma-se separar orientação sexual do conceito de identidade sexual. O termo identidade de género aproxima-se da identidade sexual mas também mantém diferenças conceituais significativas.

 

 

Relação entre Identidade sexual e orientação sexual

 

    A identidade sexual pode ser exclusivamente masculina ou feminina. Também pode manifestar uma mistura entre a masculinidade e feminilidade, admitindo várias categorias entre homossexualidade com inversão sexual de papéis de género, transvertibilidade e transexualidade. A identidade sexual difere em conceitos da orientação sexual pois a identidade sexual fundamenta-se na percepção individual sobre o próprio sexo, masculino ou feminino percebido para si, manifestado no papel de género assumido nas relações sexuais e a orientação sexual fundamenta-se na atracão sexual por outras pessoas. Difere também da identidade de género no sentido em que a identidade de género está mais correlacionada com a maneira de se vestir e de se apresentar na sociedade enquanto a identidade sexual correlaciona-se mas directamente com o papel de género sexual. Algumas vezes considera-se que um transexual do biótipo masculino, cuja orientação sexual é somente por homens e que se relacione sexualmente apenas no papel feminino, possa ser considerado heterossexual. Nos casos mais comuns, homens e mulheres identificam-se no biótipo sexual natural, sem manifestar desejos pela transgenereidade.

 

 

Genética Comportamental

    A Genética Comportamental é um campo no qual a variação entre os indivíduos é dividida entre componentes biológicos e componentes ambientais. As metodologias mais comuns de pesquisa são estudos envolvendo famílias, gémeos e casos de adopção.

    A Pesquisa no campo da Genética Comportamental tem demonstrado que praticamente todo aspecto da personalidade humana tem sua origem tanto em factores biológicos quanto em factores ambientais.

    As influências do ambiente podem ser divididas em duas classes: ambiente compartilhado e ambiente não-compartilhado (ou exclusivo). Ambiente compartilhado é o ambiente comum a todos os irmãos de uma mesma família. Inclui variáveis como status socioeconómico e educação dos pais. Ambiente exclusivo é o ambiente próprio e único de cada indivíduo. Inclui variáveis como grupos de referência do indivíduo.

    É importante afirmar que não há nenhum gene exclusivo para a variável humana conhecida como inteligência, para traços específicos de personalidade, para comportamento sexual ou até mesmo para peso (massa corporal). Em vez disso, tais características são poligénicas, isto é, influenciadas pela acção conjunta de múltiplos genes.

    As metodologias de pesquisa já mencionadas não nos informam tais ou quais genes estão envolvidos; somente a influência relativa de todos os genes em oposição ao ambiente. Também a hereditariedade (influência genética) é um valor relativo em termos populacionais. Por exemplo, mesmo sabendo-se que 90% do peso de uma pessoa é devido a influência genética não podemos afirmar que 90% do peso de um indivíduo específico é devido a influências puramente genéticas.

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